domingo, 7 de abril de 2019

Espaço do Aluno

Por que decidi me tornar uma professor universitário?


Leitores e leitora, boa noite.

Tendo em vista que o blog ainda está em fase de testes, resolvido mudar o dia das postagens relacionadas ao Espaço do Aluno.

O dia livre será sábado, enquanto que domingo será o dia das postagens aos estudantes.

Irei, aqui e agora, retomar um tópico do primeiro texto que escrevi na segunda-feira, quando inaugurei este espaço.

Ele é, na verdade, o motivo de todo este projeto e que pretendo, com o tempo, aprimorar.

Retomando um pouco da minha história pessoal.

Desde os tempos do colégio, sempre fui uma criança com muita capacidade de aprendizagem. A professora não precisava explicar muito para que eu entendesse a matéria e logo ela ficasse gravada na memória. Depois, no dia a dia, eu mesmo começava a criar problemas com o que tinha aprendido, para ver a teoria estava mesmo certa.

Eu gostava de aprender, mas não de estudar. Achava muito chato reler e rever tudo o que já tinha aprendido. Apenas dava aquela refrescada na memória antes das provas.

Embora eu fosse muito bom nas Ciências Exatas, gostava de Humanas, porque tratavam de problemas reais e sem uma resposta certa. E sempre fui apaixonado por História.

1+1 = 2 sempre e em qualquer lugar do mundo. Não vai mudar nunca. Portanto, basta não esquecer e começar pelo básico que se vai longe.

No entanto, o nosso presente é resultado do nosso passado, portanto, era preciso se estudar História para se entender o que acontece hoje e não errar amanhã de novo.

Desde criança, sempre gostei das histórias de herói x bandido. Bem x mal. Certo x errado. Pareciam-me ideias que não admitiam discussão. Preto no branco. 

E por motivos pessoa, aproximei-me da Psicologia e do comportamento humano.

Desse modo, juntando todos esses interesses, o Direito, ou Ciências Jurídicas e Sociais, acabou se tornando a escolha de carreira.

Queria ser um promotor de justiça para pegar os "caras maus" e fazer justiça. Um sonho e ideal nobre, mas que mudou ao longo da faculdade, como já expliquei.

Voltando ao ensino médio.

Ao mesmo tempo que tinha facilidade de aprendizagem, eu tinha facilidade de ensinar e explicar aos meus colegas, com termos mais simples, a matéria.

Não raras vezes, minhas dicas e macetes nos 5min antes das provas foram fundamentais para que o pessoal tirasse a nota que precisava.

Nessa época, percebi que o problema não era a matéria em si, mas a forma de ensino. A linguagem e os métodos dos professores não serviam para todo mundo. Portanto, aqueles alunos com dificuldade não eram "burros", mas sim precisavam de uma atenção especial, outra didática.

Ao longo da graduação, sempre me interessei pelas questões administrativas e estruturais da universidade. Eu já tinha uma ideia de ser professor, mas nada concreto ainda. E durante a faculdade, os problemas que tinha visto na escola se repetiram, com mais força.

O curso de Direito é fácil sim. Ele não tem muitos mistérios. Algumas questões são um pouco mais complexas que as outras, mas nada impossível.

O Direito está no nosso dia a dia, mas não percebemos.

Foi assim que compreendi o quanto o Direito era fácil, mas meus colegas tinham essa dificuldade de associar a teoria com a prática. Um que outro problema não tem uma resposta tão fácil em um primeiro momento, mas, depois de pensar um pouco, podemos chegar a um entendimento.

O X da questão do Direito é a ideologia. Nem sempre concordamos com a Lei, com a norma, com a resposta correta e por isso custamos a acreditar e respeitá-la. Inventamos outras desculpas e teoria para criar uma resposta que nos agrade. E quanto mais polêmica a pergunta, mais custamos a aceitar a resposta que não nos agrada.

E, infelizmente, nas Ciências Criminais, isso é comum.

Ninguém quase discute que bandidos, ou pessoas que cometeram crimes, os "caras maus", devam ser punidos, condenados. Mas como deve ocorrer essa condenação? A todo custo? Deve seguir uma regra, um processo? E quais devem ser essas penas?

Eu próprio tinha algumas ideias e opiniões que, com o passar dos semestres, do estudo, de leituras e reflexões, foram mudando.

Deixar de lado a carreira no Ministério Público para me tornar um advogado foi um desses fatos. Eu não conhecia todos os dados para ter uma opinião definitiva.

De igual forma, eu também prestava aquele socorro emergencial nos momentos difíceis. Apesar de todos sermos adultos, a matéria se tornava mais difícil para alguns.

Por isso, somando vários desses episódios, decidi me tornar um professor universitário.

Na época do ensino médio, queria ser professor de História. Fiz Direito.

Eu percebi que tinha vocação e dom para ensinar não podia jogar fora.

Também notei que gostava de ajudar, de ser útil, prestativo. Fazia-me me sentir bem.

O curso de Direito é importante demais para que profissionais ruins e despreparados se formem todo dia. E no caso da advocacia criminal, é importante que os advogados sejam ainda melhores por causa do preço do que está envolvido: a LIBERDADE.

Meu estágio me provou o baixo nivelamento da advocacia gaúcha e o preço que os acusados pagam no final por uma defesa ruim.

Logo, eu deveria assumir minha responsabilidade social e querer mudar esse cenário.

Eu não podia ser o melhor advogado de todos e querer resolver todos os casos, porém, poderia ajudar formando e ajudando outros colegas e estudantes a saírem mais preparados da graduação e poderem atuar, oferecendo uma resistência digna à acusação. Uma boa defesa capaz de contrapor o Ministério Público.

Repito: o Direito não é um bicho de sete cabeças, algo impossível, muito difícil de compreender. Um conhecimento que apenas os mais estudados podem saber.

Todo mundo, qualquer pessoa sabe um pouco de normas, de leis, de certo e errado, pelo convívio no dia a dia com outras pessoas.

Existe uma lógica mínima, porém, na área das Ciências Criminais, as opiniões pessoais sobre crime, pena e punição são muito diferentes de pessoa para pessoa.

O jurista criminal compreende isso tudo e deveria tentar, sem parecer ser o dono da verdade, dialogar com as pessoas que tenham uma opinião diversa e mostrar os porquês da Lei garantir esses direitos e negar outros. Explicar todo o sistema de justiça criminal.

É um dever de cidadania de toda pessoa conhecer o sistema judiciário de seu país.

Saber o que faz um advogado, um juiz, um promotor, um policial.

Saber onde e para quê serve o fórum.

Saber seus direitos e deveres.

Saber quando o Estado pode te prender e quando não pode para poder se defender de processos injustos e de má conduta policial.

Pessoas "de bem" também podem ser alvo de erros judiciários, como visto nos programas que eu recomendei ontem.

infelizmente, o brasileiro, em geral, não conhece seus direitos e não sabe a quem recorrer quando eles são violados. E a situação é ainda pior na esfera criminal, onde as pessoas mais simples e pobre sofrem com condenações injustas por falta de orientação.

Ser um advogado criminalista é parte desse projeto pessoal de ajudar e difundir conhecimento, mas, ser um professor universitário é a forma que encontrei de ser mais eficaz. Quanto mais e melhores a advogados na rua, melhor.

Na próxima semana, prosseguirei com a trajetória à docência universitária.

Boa semana a todos.

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